Saúde melhorou nos últimos anos, mas Covid-19 aumentou desigualdades

Um novo estudo publicado na revista científica The Lancet revelou algo surpreendente: os níveis de saúde melhoraram desde 2010, com menos mortes relacionadas a doenças transmissíveis, neonatais, nutricionais e lesões, e expectativa de vida saudável maior. No entanto, a melhoria não foi proporcional para todos os países e a pandemia de Covid-19 exacerbou desigualdades.

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Saúde melhorou

O estudo mediu o impacto de doenças a nível global de 2010 a 2021, no segundo ano da pandemia de Covid-19. Segundo o Medical Xpress, esse é o primeiro trabalho do tipo a medir essas taxas globalmente e compará-la com números de antes e depois da Covid-19.

Os investigadores revelaram que, comparando 2010 e 2019, o impacto relacionado a mortes por doenças caiu 14,2%. No entanto, esse número voltou a aumentar no final de 2019, com a pandemia: subiu 4,1% em 2020 e quase dobrou em 2021, chegando a 7,2%.

Outros dados notáveis mostram que a vida saudável (número de anos que uma pessoa vive com boa saúde) aumentou de 61,3 anos em 2010 para 62,2 anos em 2021. Isso foi resultado de melhorias dentro de três áreas: doenças transmissíveis, maternas, neonatais (em crianças no primeiro mês de vida) e nutricionais; doenças não transmissíveis; e lesões.

(Imagem: shutterstock/PaO_STUDIO)

Descobertas do estudo

Vamos a algumas descobertas mais aprofundadas feitas pelo estudo:

Entre 2010 e 2021, o impacto (número de mortes) diminuiu para as doenças neonatais, infecções respiratórias, diarreia, malária, tuberculose e Vírus da Imunodeficiência Humana (SIDA);

Em doenças neonatais, caiu 17,1% no período. Já para a SIDA, a redução foi ainda maior, de 47,8%;

Na categoria doenças não transmissíveis, o impacto de acidente vascular cerebral (AVC) caiu 16,9% no período e de doenças isquêmicas do coração, 12%;

Já em relação às lesões, anos de vida saudável perdidos devido a acidentes de trânsito diminuiu em quase um quarto (22,9%) e de queda em 6,9%.

Impacto da Covid-19 na saúde

O estudo também é o primeiro a fornecer dados sobre o impacto da saúde no conjunto completo de doenças durante os dois anos de pandemia da Covid-19.

A Covid-19 foi a doença que mais impactou a saúde em 2021, com uma participação de 7,4% a nível mundial;

O impacto foi diferente para homens e mulheres. Eles tinham mais probabilidade de morrer por causa do vírus, mas elas tinham mais chances de ter efeitos secundários (como Covid prolongada) do que eles;

A depressão também aumentou durante a pandemia, com maior probabilidade de afetar mulheres entre os 15 e 65 anos;

A maior incidência de Covid-19 foi em adultos mais velhos, sendo que o impacto foi duas vezes maior em adultos com mais de 70 anos do que com idades entre 50 e 69 anos.
(Imagem: Shutterstock/WESTOCK PRODUCTIONS)

Desigualdades

Apesar da saúde realmente ter melhorado globalmente, o progresso é marcado por desigualdades.

Os dados foram medidos de acordo com o Índice Sociodemográfico dos países, que leva em conta rendimento, fertilidade, educação da população e mais. A diferenciação (por se tratar de um estudo global) mostrou que a melhora não foi proporcional em países com índice mais alto (mais desenvolvidos) ou baixo (menos desenvolvidos).

Por exemplo, a queda no impacto de AVCs em países com índice alto foi de 24,9% entre 2010 e 2021. Já nos países com nível mais baixo, foi de 9,6%.

Uma das co-autoras do estudo, a Dra. Alize Ferrari, destacou como a pesquisa “ilumina os sucessos e fracassos do mundo” e que a Covid-19 exacerbou a desigualdade.

(O estudo) Demonstra como o mundo fez grandes progressos na expansão do tratamento do SIDA e no combate às doenças e mortes evitáveis ​​por vacinação entre crianças com menos de 5 anos. Ao mesmo tempo, mostra como a COVID-19 exacerbou as desigualdades, causando impacto maior das doenças nos países com menos recursos, onde os sistemas de saúde estavam sobrecarregados e as vacinas eram difíceis de garantir, onde os governos deveriam dar prioridade ao planejamento equitativo da preparação para pandemias e trabalhar para preservar a dinâmica que temos visto na melhoria da saúde das crianças.

Dra. Alize Ferrari

Outro exemplo ainda mais gritante: em 2021, enquanto a taxa de vida saudável diminuiu de 68,9 anos (em 2010) para 68,5 anos (em 2021) nos países mais desenvolvidos, aumentou de 52,2 anos para 54,4 anos nos países menos desenvolvidos.

Apesar do aumento, a expectativa ainda é mais de 10 anos de diferença entre um e outro.

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